O que é Helicobacter pylori?
Helicobacter pylori (H. pylori) é um bacilo em forma de espiral, Gram negativo, que é encontrado na mucosa que reveste o estômago humano e tem sido associado com diferentes doenças digestivas. A bactéria foi identificada pela primeira vez por Marshall e Warren, em 1983, na Austrália, descoberta esta que lhes conferiu o prêmio Nobel em Medicina e Fisiologia em 2005. Após sua identificação, o microrganismo tem sido verificado, em diferentes partes do mundo, em 50% ou mais da população mundial.
Como nos infectamos?
A infecção por H. pylori é adquirida predominantemente na infância, antes dos 10 anos de idade. O baixo nível sócio-econômico e suas consequências naturais, como más condições de habitação e higiene, são hoje considerados o principais facilitadores para aquisição da infecção pelo H. pylori.
A transmissão parece ocorrer de pessoa a pessoa. Há dúvidas se a transmissão ocorre por via oral-oral, fecal-oral ou ambas. A via fecal-oral seria a dominante em populações com alta prevalência da infecção na infância e baixo nível sócio econômico, onde fezes ou material contaminado por elas poderiam ser ingeridos e transmitir a infecção. A via oral-oral predominaria nas populações com indicadores socioeconômicos mais favoráveis, onde a bactéria, ao refluir do estômago para a boca, poderia ser transmitida de pessoa a pessoa através do contato com a saliva e outras secreções da boca por contato direto ou indireto.
Que doenças a bactéria pode provocar?
Alcançando o estômago, o microrganismo se multiplica em contato íntimo com as células epiteliais do estômago provocando uma inflamação crônica (gastrite). Na grande maioria das pessoas esta inflamação é insuficiente para causar qualquer sintoma ou doença, assim permanecendo por toda a vida. Em ínfima parcela da população, alguns indivíduos irão desenvolver doenças clínicas como a úlcera no estômago ou duodeno, ou mesmo, o câncer gástrico. É hoje reconhecido que mais de 95% das úlceras são causadas por esta bactéria e que seu tratamento é capaz de curar definitivamente a úlcera, impedindo novas crises ou complicações. Em relação com o câncer gástrico, a bactéria atua como um importante fator de risco para o seu desenvolvimento, sendo por isto considerada pela Organização Mundial da Saúde um carcinógeno do tipo 1 para o câncer do estômago (da mesma forma que o tabaco o é para o câncer de pulmão).