Cólica infantil é motivo frequente de preocupação aos pais e cuidadores. É caracterizada pelo choro excessivo, ao menos três horas por dia, mais de três dias na semana, frequentemente acompanhada de rubor facial, tensão abdominal e contração das pernas 1. Pode afetar entre 10 e 30% dos recém-nascidos após a segunda semana de vida, com pico de intensidade em torno da quarta e sexta semana 1.
Embora sua causa não esteja totalmente esclarecida, há múltiplos fatores condicionantes ao seu desenvolvimento, incluindo hipersensibilidade alimentar, aspectos neurodesenvolvimentais, alteração gastrintestinal e microbiana 1.
A microbiota de lactentes com cólica se difere em termos de diversidade, estabilidade e padrões de colonização intestinal 2-5. Choro infantil tem sido relacionado à disbiose intestinal e distúrbios no eixo microbiota-intestino-cérebro, particularmente nas vias de sinalização neural, endócrina, imune e humoral 2-5.
Aumento de gêneros Escherichia, Klebsiella, Serratia, Vibrio, Yersinia e Pseudomonas, pertencentes ao filo Proteobacteria, são observados em amostras fecais de bebês com cólica, até o quarto mês de vida 2,3. Postula-se a produção excessiva de gases intestinais a partir da fermentação de lactose, carboidratos e proteínas por Proteobacterias 3.
Além disso, Bactérias gram-negativas como Escherichia e Klebsiella podem induzir inflamação intestinal através da produção exacerbada de lipopolissacarídeos, interleucinas e quimiocinas pró-inflamatórias (LPS, IL-8, CCL-2, CCL-4) no epitélio intestinal, agravando sinais de irritabilidade infantil 1-5.
A melhora da cólica infantil é esperada, gradualmente, a partir do terceiro mês de vida, em crianças saudáveis. Pediatras informam que cuidados na dieta materna e modo de aleitamento são medidas eficazes na melhora dos sintomas.
Dentre as novas opções terapêuticas, o uso de probióticos tem mostrado resultados promissores. Sete ensaios clínicos randomizados concluíram que o probiótico L. reuteri DSM 17938, na dose de 108 UFC, obteve sucesso na redução dos sintomas de cólica infantil, especialmente em bebês com aleitamento materno 6. A eficácia de outras cepas probióticas são inconclusivas.
Referências:
1.Zeevenhooven J, Browne PD, L’Hoir MP, de Weerth C, Benninga MA. Infant colic: mechanismsand management. Nat Rev Gastroenterol Hepatol. 2018; 15(8):479-496.
2.de Weerth, C., Fuentes, S., Puylaert, P. & de Vos, W. M. Intestinal microbiota of infants with colic: development and specific signatures. Pediatrics, 2013; 131: 550–558.
3.Rhoads, J. M. et al. Altered fecal microflora and increased fecal calprotectin in infants with colic. Pediatr. 2009; 155, 823–828.
4.Roos, S. et al. 454 Pyrosequencing analysis on faecal samples from a randomized DBPC trial of colicky infants treated with Lactobacillus reuteri DSM 17938. PLoS ONE. 2013;
5.Savino, F. et al. Comparison of formula- fed infants with and without colic revealed significant differences in total bacteria, Enterobacteriaceae and faecal ammonia. Acta Paediatr. 2017; 106: 573–578.
6.Dryl, R. & Szajewska, H. Probiotics for management of infantile colic: a systematic review of randomized controlled trials. Med. Sci. 2017.
Sabemos que o equilíbrio entre os componentes da nossa microbiota, que inclui bactérias (seu principal componente), archaea, eucariotas, vírus e fungos, é necessário para a manutenção da saúde intestinal e/ou extra intestinal.
Jee et al. enfatizam, na introdução do seu estudo, que a doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) é a forma mais comum de doença hepática, compreendendo desde a esteatose simples, até a esteatohepatite (NASH).